11 fevereiro 2006

Axé e Funk

Mesmo com toda minha mania bossa-novística e mpbesca, confesso que tô gostando do Axé aqui da Bahia, quando não até mesmo do funk, que tem altíssimo valor social quando canta:

"é som de preto, de favelado
mas quando toca, ninguém fica parado"

Absoluta verdade.

Perdoem-me os puristas, os intelectóides... temos muito contra o que lutar além do funk e do axé. Ambos são ainda pouco imbecilizadores perto de novelas e programas da Globo. E infinitamente menos piores que a revista Veja.

Que todos dancem axé e deixem a Veja para os cães cagarem em cima!

Ao contrário do conceito da elite intelectual do país que acha que axé e funk são coisas de imbecil, eu, que passo boa parte da vida lendo, estudando, pensando, não me senti mais imbecil ao ouvir ou dançar funk e axé. Não esqueci o que é existencialismo, socialismo, nazismo e muitos outros ismos. Ainda sei diferenciar um Van Gogh de um Degas, Bossa-Nova de Chorinho etc.

O problema todo é esse povinho intelectóide que faz da cultura algo cult. Cultura brasileira não é cult! Eu sempre usei essa palavra, mas vejo agora o quão pejorativa ela é. Cultura é unir, não separar. Esse povinho que quer ser melhor que os outros por saber uma ou outra citação em latim, um ou outro conceito complexo de filósofos alemães... não sabe abrir um coco!!!
Não quero, dizendo isso, insinuar que todos dancem ou cantem axé e funk. A união não quer dizer exatamente que todos façamos as mesmas coisas, das mesmas formas. Mas é preciso respeito. Somos todos iguais, braços dados ou não, dançando ou não, cantando ou não.
Que o papel dos intelectuais não seja desprezar gostos diferentes do seu, mas apresentar as coisas que gostamos aos outros, com a mesma boa-vontade com que algumas pessoas querem nos ensinar a dançar.

Ficar comparando funk com rock ou MPB é mudar a posição da cama em que dormiremos à noite por causa do Sol das 3 da tarde.

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