17 maio 2007

As Tempestades e o Porto

No mais, já conheço esse mar, já passei por outras tantas tempestades; não desse jeito, mas já passei.
Só que antes a paz existia somente em tempos de calmaria. Hoje tenho um porto seguro onde me acalmo, tenho paz, independente de tudo, esteja o tempo como estiver.
(Ter numa só pessoa a namorada, a amiga, a conselheira, e vez outra aquelas broncas típicas de mãe, é reconfortante - embora eu abrisse mão das broncas, hehehe).

De qualquer forma, não é fácil ser barco no meio duma tempestade, mesmo tendo onde aportar.
Embora tendo o porto, o problema consiste na impossibilidade de desembarcar...

"Essa loucura roubada
que não desejo a ninguém
a não ser a mim mesmo
amém"
(Bukowski)
O grande problema mesmo é saber que muita coisa está me fazendo mal, mas não saber exatamente qual o tipo de mudança me faria bem. Onde mora o problema: no modus vivendi ou no modus operandi?

'Descompassos' ou 'Eu sou tudo pela metade'

Outra vez vou me esquecer
Pois nestas horas pega mal sofrer
(Cazuza)

Não sou uma pessoa de grandes ambições e sonhos impossíveis. Minha paz e minhas alegrias se fazem de coisas simples... Se me pedissem pra escolher entre ser um grande empresário aos 23 anos, viajar o mundo, ter carros, casas, fazendas ou ser um estudante que pudesse se dedicar um pouco mais aos estudos, escolheria ser estudante.
Me incomoda ser as coisas pela metade. Hoje sou meio estudante, meio trabalhador, e ambas as coisas exigem cada vez mais de mim. Não que eu não queira trabalhar, mas não acho justo perder a minha vida com uma coisa que não me leva a lugar algum. A forma como hoje é o meu trabalho é que incomoda - e creio que isso é reflexo dos nossos tempos modernos. Se depois que eu me formasse fosse assim, não incomodaria tanto; mas o fato de não ser possível me formar em paz... isso é que corrói.

Além do que, eu sou perdidamente apaixonado pelo mundo da cultura, em todas as suas formas. Eu gosto de ler, gosto de música, gosto de museus, gosto de escrever...
E há quem fale: é preciso correr atrás dos seus sonhos. Mas a coisa é de tal forma amarrada que parece ser impossível mudar (como pagar a faculdade? Como conseguir um mínimo de subsistência para seguir adiante na Paulicéia?).
Todo esse desvario parece atrapalhar o resto da minha vida. Eu passei a ser tudo pela metade. Me sinto meio-filho, meio-namorado, meio-irmão, meio-amigo...
EU SOU TUDO PELA METADE.