28 agosto 2008

Não sei se não estou preparado pra viver neste mundo ou se este mundo não está pronto pra mim.
Não faço parte do presente. Não me sinto presente. Tudo o que vejo me parece absurdo. Nada faz sentido.
Muitas vezes acredito que isso se dê em função do meu excesso de sentimentos e sensações num mundo que se quer racional e não é. Sentir é mais racional. A intuição é mais racional que a lógica.

Eu sinto muito.

26 agosto 2008

“... é na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade”.
“... há que se dar razão a Kierkegaard: a angústia se distingue do medo porque medo é medo dos seres do mundo, e a angústia é angústia diante de mim mesmo”
“A vertigem é angústia na medida em que tenho medo, não de cair no precipício, mas de me jogar nele.”
J.P Sartre em O Ser e o Nada.


Então a gente pensa demais porque se sente sozinho ou se sente sozinho porque pensa demais???

22 agosto 2008

Não gosto muito da cidade onde moro; não nutro paixões por meu time de futebol ou qualquer outro esporte; não coleciono coisas intocáveis; gosto de diversos tipos de músicas e até nutro uma profunda admiração por alguns compositores, mas não sou tiete; não sonho com uma Ferrari ou uma Harley Davidson – confesso que gosto muito do meu Peugeot 206 e obviamente quereria outros melhores; mas tenho a triste certeza de que isso não me faria mais feliz.
Assim como Oscar Wilde, “sou uma pessoa de gostos simples: me satisfaço sempre com o melhor”. Namoro, cobiço, sonho com as coisas que vou comprar a curto prazo: fico olhando na vitrine ou pesquisando na internet. A compra do meu primeiro carro, do meu primeiro notebook, algumas roupas, celulares, foram coisas que me satisfizeram bastante. E bastante é o que basta.
Muitas vezes confundimos felicidade com prazer. Satisfação com felicidade. Prazer com satisfação. Uma mesma coisa pode ser comida ou saboreada – depende da fome (uma necessidade). Minhas vontades são quase sempre fruto de necessidades; satisfeitas as vontades, ponto ou reticências? Interrogação!!!
Não tenho grandes desejos (e esta deveria ser a frase inicial deste texto). Conheço o prazer, e a felicidade que dele resulta vez ou outra. Mas a felicidade também pode doer. Quase sempre dói. Daí as lágrimas... sou uma pessoa que chora muito.
Tenho o privilégio de namorar e estar noivo da mulher por quem sou apaixonado. Uma amor que é necessidade, satisfação e desejo. E me faz feliz.
Às vezes acho que eu deveria ser feliz sempre. Me sinto ingrato, o que me torna ainda menos feliz.
As coisas que venho escrevendo cheiram à filosofia de boteco.

20 agosto 2008

Tudo na vida pode ser compreendido ou sentido. Existe o sentir-sensação (sentidos) e o sentir-emoção (sentimento). Um pode levar ao outro. Ver algo é diferente de sentir – uma paisagem de Van Gogh é sempre algo mais para quem sabe sentir. Ouvir é diferente de sentir uma música.
Há um entrave entre a sensação e a emoção: a compreensão. A ameaça pode ser compreendida; o perigo só pode ser sentido (emoção).
Uma emoção é muito maior que qualquer sensação. O verdadeiro gozo vai além do corpo: é uma emoção.
Os grandes apreciadores de vinhos ultrapassaram o paladar: o vinho os emociona.
Uma coisa que não pode ser explicada, compreendida, não é menor que as outras.
O comunismo é uma emoção.
Todas as religiões são uma tentativa de compreender Deus. Deus pode estar em todas as sensações e em todas as emoções; nunca será compreendido.
A palavra “compreender” tem o mesmo elemento de composição de surpreender, apreender, aprender, repreender, depredar, prender.
Muitas vezes compreender é deixar de sentir.