29 agosto 2006

Ao ler o texto anterior

Confesso que escrevo por prazer, e sinto um prazer quase narcisista ao ler algumas coisas minhas. Com o tempo os textos ficam quase totalmente destituídos de sentido, mas mantém um certo requinte que às vezes me faz acreditar que sei escrever.
Porém não sei se escrevo exatamente como penso, ou se penso como quem vai escrever depois. Mas não tenho dificuldade em passar algumas idéias pro 'papel'(entenda 'monitor'). No entanto, algumas idéias se desgastam com o tempo.
Se hoje eu fosse escrever sobre Freud, conseguiria dizer várias coisas, mas não lembraria desses conceitos todos expostos no texto abaixo. O Sartre ocupa um espaço maior, e é até capaz de eu conseguir ir mais longe.
E confesso: quase não tive saco pra ler tanta besteira... Mas parece escrito por alguém que sabe o que está falando. Mas na verdade nem li “A Interpretação dos Sonhos”... alguns trechos só...
:D

Besteiras Aleatórias: Linguagem e Consciente

De algum tópico de discussão no orkut, também perdido na minha HD...


"Seria interessante que agora analisássemos o papel da linguagem no inconsciente (para não fugir da idéia de tese / antítese / síntese).
Em A Interpretação dos Sonhos, Freud esmiúça bastante o papel da linguagem, e da ‘condensação’ da mesma no inconsciente. Afirma que o sonho em si é um conteúdo manifesto de algum desejo, ou a continuação de algo que não foi terminado em vigília. Esse desejo, ou tentativa de continuação, seria o que ele define de ‘conteúdo latente’ do sonho.
Partindo desse ‘conteúdo latente’, o inconsciente usa de algumas artimanhas para chegar onde quer (ex.: condensação e deslocamento onírico). Eis o sonho, ou parte manifesta dele. Os sonhos então são divididos em inteligíveis, desnorteadores e o sonho ‘destituído de sentido’. Poderíamos concluir dizendo que o sonho é a linguagem do inconsciente. Seria estúpido, mas poderíamos parar por aqui.
Mas, como bons pensadores que somos, e por estarmos acordados, surgem mais dúvidas, e então poderia dizer que A Interpretação dos Sonhos de Freud é um conteúdo latente, que faz meu consciente usar de determinadas artimanhas (as artimanhas do consciente poderiam ser a ironia, as metáforas, eruditismos, etc), ou que A Interpretação dos Sonhos é uma artimanha que uso para manifestar o conteúdo latente nascido da questão consciente e linguagem, ‘postado’ no Orkut.
Ainda usando Freud, também poderíamos dividir a relação consciente / linguagem entre inteligível, desnorteadora e destituída de sentido.
A primeira – inteligível - , seria a linguagem utilizada na ciência. Uma coisa é ciência quando tem um objeto de estudo, um método, e uma linguagem universal que todos poderiam entender, e que pode ser testada.
Uma linguagem desnorteadora seria a Arte. Toda a Arte é feita de conteúdo latente, ou até mesmo latejante, pra soar mais poético. Aqui o consciente usa de muitas artimanhas (escultura, pintura, literatura, música, etc). Seria óbvio citarmos Salvador Dali, o mais desnorteador dos artistas. Qual o conteúdo latente da Arte? Para isso existe uma outra comunidade no Orkut chamada Psicologia da Arte, ou coisa parecida. Podemos nos encontrar lá.
A linguagem destituída de sentido seria os sentimentos (que usa também de desnorteamentos, mas isso é outro caso). Amor, paixão, ódio... Daí a dificuldade de expressarmos sentimentos, e o uso de desnorteamentos. Consciente e sentimentos não se misturam, originalmente. Só que os sentimentos precisam do consciente para usar a linguagem, e a parte mais confusa da linguagem é essa. Justamente a mais inconsciente, ou mais irracional das manifestações do cérebro humano, que se algum dia for explicado, não será por outro cérebro.

Agora deveria surgir a síntese, né? Apesar que o que usei foi uma ilustração, não uma antítese (embora consciente e inconsciente sejam antíteses).
A linguagem é a manifestação de um conteúdo latente, que usa do consciente para se tornar manifesta. Esse conteúdo latente do ser humano é a busca da felicidade: aumento do prazer, diminuição da dor. (descoberta científica / linguagem inteligível = aumento do prazer. Música Sertaneja / manifestação artística / desnorteamento = diminuição da dor (dor de corno, mas dor. Poderia ter sido mais feliz falando do Fado, mas o consciente optou pela ironia). Sentimento / destituição de sentidos = busca pelo prazer).
Se usássemos um pouco de existencialismo pra explicar melhor esse negócio, poderíamos dizer que o conteúdo latente que gera a linguagem é uma manifestação do ser-em-si, e a essência do conteúdo latente seria o ser-em-si. A linguagem, um para-outro. O consciente um para-si, ou alguma baboseira desse tipo.
Sartre disse que a linguagem faz parte da primeira reação para com o outro, precedida pelo amor, e seguida pelo masoquismo. A segunda parte seria indiferença / ódio / desejo / sadismo.
Mas já estou ficando desnorteado e destituído de sentido, não aumentei prazer algum, nem diminui dor alguma. Então pra que serviu esse blábláblá todo?"

Besteiras Aleatórias...

A grande maioria das coisas que escrevo são criadas no Outlook, sejam textos pro blog, scraps do orkut, e-mails etc...

Muitas coisas ficam salvas numa pasta chamada "Rascunhos", mesmo depois de enviadas. Hoje tava dando uma limpada e achei, dentre outras coisas, esse texto, que era um scrap pra uma amiga... resolvi publicar só pra não se perder por aí. Em suma, besteiras aleatórias...

"Penso que às vezes é preciso não acreditar nas coisas pra que elas aconteçam, pois o mundo (deus?) e os outros têm muito de pirraça com a gente.
E não sei se assim o tempo passa rápido, ou se a consciência da (pseudo?) derrota funciona como anestesia. Então você, que era pedra sobre um chão lamacento, vira uma figura estranha e pesada voando num céu entre o azul e o amarelo; aí o mesmo mundo (deus?) e os outros que antes pirraçavam resolvem te dar atenção e trazer de volta pra terra, pois até então você não tinha percebido que havia uma linha controlando o que parecia ser um vôo livre.
E num outro dia você percebe que as pessoas só são realmente boas quando estão muito perto. Quando perto, têm lá seus defeitos, mas a gente até gosta deles. Respeita. Quando longe, é melhor não ficar olhando muito pois são capazes de coisas verdadeiramente horrendas e repudiáveis.
E é difícil entender e esquecer o que elas fazem quando estão longe. Magoa. Por isso, na impossibilidade de mantê-las perto, é melhor nem olhar. E quando estiverem mais perto (closer?) é bom também que não estejam perto demais.
É. O inferno são os outros."

22 agosto 2006

Leve Desespero


“São demais os perigos dessa vida para quem tem amor”
Vinicius de Moraes

... e de repente me vejo dependente de uma pessoa que não é minha mãe.
Uma pessoa que, mesmo diferente, se parece comigo, me faz rir, me faz chorar, aflige, alivia, completa, desespera, acalma.
Um pedaço de mim que tem outra vida, outras histórias, que esteve longe de mim por mais de 20 anos! Que viveu sem mim, tem outro passado.
Um outro corpo que não pode estar sempre junto ao meu, um par de mãos que ora se une às minhas, ora tem que se soltar. Pés que caminham longe de mim, lágrimas de uma dor que compartilho, mas que saem de um par de olhos que não são meus.
Anseios que não conheço, dores estranhas, angústias que não são minhas, mas que me pertencem.
(Querer viver junto, morrer junto, nunca se separar, chorar junto, sorrir junto, ter prazer, dor, desespero...
Desespero, ah, desespero!
)
Ter medo, muito medo de ficar só, de perder o que nunca ganhei, o que na verdade não é meu, não sou eu...
Mas... mas... é um pouco de mim! É eu também!
Não imaginar outro mundo, outra companhia, outra pessoa...

16 agosto 2006

... para espairecer...

... por exemplo, é difícil saber ao certo o que queremos. Muito mais fácil saber o que não queremos.
No fundo, o grande problema se chama liberdade. É uma condenação, como afirmou Sartre. Diariamente temos que fazer escolhas, tomar decisões, pensar no futuro, no presente, comparar com o passado, planejar, supor, divagar...
(Divagar, mas rapidamente e num rumo certo, o que é totalmente contraditório. Não se pode perder muito tempo pensando).

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A ambição, por exemplo. "Anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão". Não é uma virtude, convenhamos. É um 'sentimento'(?) bom pra se ter nos dias de hoje.

Nos dias de hoje.

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Os sonhos, por exemplo. "Conjunto de imagens, de pensamentos ou de fantasias que se apresentam à mente durante o sono". Em vigília, sonhar é sinônimo de algo bom; "meu sonho é ter isso ou aquilo". Mas na verdade, sonhamos com coisas ruins também; sonhar com algo ruim é ter um pesadelo - sonho aflitivo que produz sensação opressiva; mau sonho.
Sei lá...

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O desejo, por exemplo. Até onde desejar é uma forma de querer? Quando o desejo se torna necessidade ou vontade, como cantam os Titãs (a banda de rock, não as figuras mitológicas)? Qual o limite entre uma necessidade e uma vontade?

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O amor, por exemplo. É ambição, sonho, querer, necessidade, vontade...

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etc. etc. etc...

09 agosto 2006

O que será


O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
Nota no site do Chico:
Feita para o filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos", a canção "O Que Será" tem três versões, que marcam passagens diferentes da trama: "Abertura", "À Flor da Pele" e "À Flor da Terra". Cantada no filme por Simone, a versão "À Flor da Terra" (três estrofes de doze versos) alcançaria grande sucesso na gravação de Chico Buarque e Milton Nascimento, que abre o elepê Meus caros amigos, um dueto, aliás, que aconteceu por mero acaso. Chico estava na gravadora ensaiando a canção com Francis Hime, quando Milton, de passagem pelo estúdio, ouviu e gostou. Daí surgiu o convite para a gravação, depois retribuído com a participação de Chico num disco de Milton, cantando com ele "À Flor da Pele". Mas "O Que Será", em qualquer das versões, é uma obra-prima, no nível das melhores criações de Chico Buarque, com sua melodia forte e sua letra libertária, um tanto ambígua em certos aspectos: "O que será que será / que todos os avisos não vão evitar / porque todos os risos vão desafiar / porque todos os sinos irão repicar / porque todos os hinos irão consagrar..." Em 15.9.92, ao tomar conhecimento do conteúdo de sua ficha no Dops-DPPS, em que há uma análise de "O Que Será", Chico Buarque declarou ao Jornal do Brasil: "acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento explicar..."

Pen(s)o


Penso, logo não tenho sossego.

"Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas."

A mim é dado pensar. Mas não pensar de forma coerente ou prática. Um pensar sem rumo, vazio como o vôo da ave a quem é dado voar, e por isso voa sem saber, sem querer, sem pousar, e depois que sobe, nem bate as asas...
Penso por não poder fazer outra coisa.
Escrevo para retardar os pensamentos, pois aqui eles precisam de certa organização, certo requinte. Enquanto pensamento puro - palavras dentro da minha cabeça - flui sem razão, sem sentido. Aqui se deixa levar por quereres gramaticais.
bláblábláblábláblá...
Quando se organizam demais, teorizam, se tornam práticos, não são meus. Não mais.
Só parece ser pensamento meu o que perturba, o que não tem resposta, o que aflige...

ALGO DENTRO DE MIM QUE NÃO É AMOR – O QUE É? – PRECISA SE ORGANIZAR.

Estresse

"substantivo masculino
Rubrica: medicina.
estado gerado pela percepção de estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia, levam o organismo a disparar um processo de adaptação caracterizado pelo aumento da secreção de adrenalina, com várias conseqüências sistêmicas; stress
Obs.: cf. homeostasia e síndrome geral de adaptação"


Subitamente uma infinidade de pulgas começam a morder minha pele pelo lado de dentro, numa aflição kafkiana. Meu peito arde, meu coração dispara, fico inquieto e agressivo.
Nada acalma. Nada satisfaz.
Já com várias tarefas acumuladas, inicio outras tantas. Não há vontade de conclui-las. Desisto e resolvo escrever.
Não há algo consistente para escrever. Nada objetivo.
Minha cabeça ameaça doer, sinto sede. Levanto, bebo água.

Há momentos em que o ar que entra pelo meu nariz faz mal. Respirar incomoda.
Lembro de Buk:
"-Eu odeio pessoas. Você não?
- Não. Só quando elas estão por perto"

Não sei ao certo se a origem de meu nojo é endógena ou exógena. Não me sinto limpo; no entanto, tenho nojo das coisas ao redor.

Me sinto longe de casa. Longe do ninho. Longe do meu ambiente. Mas qual é meu ambiente?

Lembro de Augusto dos Anjos verso por verso:
“este ambiente me causa repugnância...”

Não só o peito, mas a garganta também arde.
Tenho ímpetos agressivos. Arqueio as sobrancelhas. Dentro dos sapatos, aperto os dedos do pé...
Bebo mais água.

01 agosto 2006

Ser, estar, blábláblá...

Às vezes eu me perco.
Mas não no sentido geográfico do verbo 'estar' - fulano está perdido por não saber onde está. Me perco no que há de ligação de mim com o existencial verbo SER.
Entendam: as possibilidades de SER são muito maiores que a de ESTAR.
Perdidas todas as referências pra saber onde estou, a gravidade me prende ao chão. No que se refere ao SER, não há céu, não há chão.
Difícil, não?
(risos)
Dói um pouco esses devaneios todos. Mas têm lá seu quê de diversão. A gente sabe que não vai aceitar resposta alguma (embora as haja de diversas maneiras), mas não pára de perguntar.

Isso pra mim é viver. Dói, mas é viver.