04 julho 2006

Futebol

Assim que Baggio perdeu o pênalti em 94, eu saí pela rua correndo, tocando corneta e gritando "é tetraaaaaaaa" de tal forma que quando parei, mal conseguia respirar, tão pouco falar. Minha mãe chegou a ficar preocupada.
A empolgação se manteve por anos, posto que meu Palmeiras era time de estrelas e vitórias sem fim. Lia o Lance quase todos os dias, colecionava figurinhas e cheguei até a esboçar o sonho de ser goleiro. Como toda empolgação infanto-adolescente, diminuiu com o tempo até quase acabar. Chegamos, então, em 1998.
Antes de a copa começar eu já tinha álbuns, revistas, recortava jornais, comprei bandeiras, adesivos... tudo que tinha direito. Quando anunciaram que Romário não ia participar, quase chorei. Mas assisti todos os jogos com empolgação. Inclusive a final.
A gente não gosta de perder, mas aos 14 anos eu já havia sentido esse gosto amargo antes. Perder a copa na final não me frustrou tanto, já que se tratava de esporte, blábláblá, aquela conversa que ouvimos desde os 4 anos. O grande desconforto veio com a idéia de que o jogo foi "comprado". Creio que foi meu primeiro encontro com a desonestidade e afins. Definitivamente eu havia desencantado.
A Copa de 2002 me foi indiferente. Mal lembro da final, muito menos dos jogos. Em resumo, "que se foda", pensava.
Na de agora, por ter estudado um pouco de Relações Internacionais, acompanhei de longe o fato de o Irã estar participando e a possibilidade de seu 'presidente' ir a Alemanha; vi com deslumbre a presença de países africanos numa copa na Alemanha, dentre outras coisas interessantes.
Torci, de coração mesmo, pra Gana em todos os jogos, inclusive contra o time que chamam de "Brasil". Achava um futebol criativo, com algumas limitações técnicas, mas que dava gosto de ver e tinha uma denotação política pra mim.
Mas voltando a tal “seleção brasileira”, impossível não manifestar a revolta de perder daquele jeito. Um futebol de merda, claramente posto em campo por interesses financeiros. Manter aquele gordo em campo? Roberto Carlos, Cafu... todos estrelas de diversas propagandas, não mais do Futebol. Ronaldinho Gaúcho jogando amarrado...

Um absurdo. Onde vamos parar? Se eles têm coragem de fazer algo assim com a dita “paixão nacional”, o que mais poderão fazer? Do que são capazes?
Continuo me surpreendendo com o Big Brother que coordena as grandes corporações, os interesses escusos de pessoas mesquinhas.
Acaba sendo somente mais uma forma de injustiça. A vantagem é que meche com paixão, o que deveria causar revolta. Alguns urubus disfarçados de tucanos vêem a hipótese disso atrapalhar a campanha do Lula, já atrapalhada por si só.
(suspiros)
Aos poucos foram tirando o pão, agora desmontam o circo.

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