30 outubro 2005

DDAA - Déficit de Atenção Alheia

Mas tem uma coisa que eu esqueci de dizer: também não adianta ficar soltando fogos pra enxergarmos. Eu dizia para uma ex-namorada que ela tinha DDAA - Déficit de Atenção Alheia, pois queria minha atenção a todo custo. O silêncio às vezes é tão agradável... Mas as pessoas insistem em ficar falando coisas sem sentido somente para me tirar do meu mundo encantado. Minha terra do nunca.
Há uma cena no filme "Em Busca da terra do nunca", em que a mulher do personagem J. M Barrie, autor da peça Peter Pan, diz algo assim:
- Antes de me casar, eu pensava que os gênios vivessem num mundo à parte, e eu queria ir pra lá (cito de cabeça... deve ser beeeeeeem diferente).
Então o Barrie, em mais uma das divinas interpretações do Johnny Depp, diz:
- Mas você ficava preocupada com a decoração da casa (...). E não existe um mundo à parte no qual vivemos.
- Existe sim, e é a terra do nunca - então ela aponta para o diário onde havia algumas anotações sobre a peça por ser escrita.
O filme é lindo, e esse diálogo é perfeito. Não há terra do nunca além de nossa mente, e abençoados são os que conseguem escrever sobre ela.
Às vezes as pessoas nos tiram da nossa terra do nunca para nos mergulhar em coisas cotidianas, como a decoração da casa, as confusões do trabalho... Não seria melhor, juntos, darmos atenção à terra do nunca?
Eu prefiro.

P.S. 1: confesso que, relendo, achei os dois textos meio contraditórios, somente dotados de minha verborragia de praxe. Mas acho que a grande verdade além de minhas frases de impacto está no fato de que queremos atenção aos nossos sonhos, não à nossas angústias. Mas por que só conseguimos escrever sobre nossas angústias?

P.S. 2: "Em Busca da Terra do Nunca" foi um dos filmes que mais me impressionou nos últimos tempos, tal qual "A Paixão de Cristo". Chorei algumas lágrimas tímidas em ambos os filmes, mas o "Em Busca..." me impressionou demais, sobretudo em função das questões sonho e amor pra um intelectual. Barrie se casou, e não escreveu nada que prestasse até encontrar a mãe do Peter. E o amor deles era diferente! A mulher do Barrie e a sociedade não entendiam o que acontecia... Até que ponto é preciso inspiração desse tipo para escrever?
O Peter que serviu de inspiração para a criação do personagem Peter Pan, disse que o Peter Pan não era ele, mas o Barrie (me arrepio ao lembrar da cena).
Enfim, o filme é lindo e não precisa de interpretações tacanhas. Deixo registrado meu fascínio.

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