22 agosto 2006

Leve Desespero


“São demais os perigos dessa vida para quem tem amor”
Vinicius de Moraes

... e de repente me vejo dependente de uma pessoa que não é minha mãe.
Uma pessoa que, mesmo diferente, se parece comigo, me faz rir, me faz chorar, aflige, alivia, completa, desespera, acalma.
Um pedaço de mim que tem outra vida, outras histórias, que esteve longe de mim por mais de 20 anos! Que viveu sem mim, tem outro passado.
Um outro corpo que não pode estar sempre junto ao meu, um par de mãos que ora se une às minhas, ora tem que se soltar. Pés que caminham longe de mim, lágrimas de uma dor que compartilho, mas que saem de um par de olhos que não são meus.
Anseios que não conheço, dores estranhas, angústias que não são minhas, mas que me pertencem.
(Querer viver junto, morrer junto, nunca se separar, chorar junto, sorrir junto, ter prazer, dor, desespero...
Desespero, ah, desespero!
)
Ter medo, muito medo de ficar só, de perder o que nunca ganhei, o que na verdade não é meu, não sou eu...
Mas... mas... é um pouco de mim! É eu também!
Não imaginar outro mundo, outra companhia, outra pessoa...

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