24 março 2006

Saudosismo

Tudo que de repente surge na minha mente traz junto uma poesia, ainda que ela não exista. Vendo algumas fotos de minha infância, logo lembrei um poema dos Românticos que falava sobre " a aurora de minha vida que os anos não trazem mais...". Aí as pessoas entenderão porque não vivo sem o Google... digitei lá e achei. Descobri que o autor era Casimiro de Abreu.
Faz anos que não leio Casimiro. Li somente no colegial e sem muita empolgação. Mas guardei esse poema na mente... agora ele veio a calhar.
Embora ele não seja exatamente da geração 'mal-do-século', com quem me identifico muito mais, só confirma o fato de eu não ser dessa geração da qual só faço parte por um determinismo cronológico. Eu sou romântico não só no comportamento boêmio e bastante spleen. Tudo em mim é séc. 18, 19...Outra característica é esse laço que tenho com minha mãe, também clássico nos românticos, note-se por um poema do Álvares de Azevedo que, se morresse amanhã, só veria sua mãe e irmã lamentarem. Isso dentre outras milhares de coisas...

Fernando Pessoa fazia parte de uma geração que estava por vir. Eu faço parte de uma geração que já passou.

Eis um trecho do poema:

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
(...)
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
EM VEZ DAS MÁGOAS DE AGORA,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
(Casimiro de Abreu)

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