13 março 2006

Aquele amor

Todo amor tem um interesse embutido, ainda que esse interesse seja reciprocidade ou fidelidade.
Isso na teoria.
Acontece que eu tenho um amor que ultrapassa essa lógica. Não sei se o tempo fez isso ou se vem de um desgaste meu, mas existe uma pessoa na minha vida que ultrapassa até mesmo essa lógica da reciprocidade. É aquilo do outro texto: "amo tanto que já nem ligo".
E quando eu digo que é um amor platônico, não me refiro àquela idéia do mito da caverna. Refiro-me ao amor de O Banquete, que ultrapassa o desejo, a beleza e outras coisas, para atingir seu ápice na bondade. Uma bondade que é sinônimo de carinho.
E quando me flagro pensando no futuro, logo após me censuro porque muito de mim sabe que esse é um amor fadado ao insucesso, sabe-se lá por que. Mas a vida se encarregou de tirar desse amor a euforia do início. Virou um amor feito de paciência e carinho. A euforia só retoma à menor possibilidade de algo ruim acontecer com ela, como seu eu quisesse me postar ao seu lado como um anjo, um remédio. Ela sabe disso. Nós sabemos.
Mas aposto que ela não sabe, assim como eu, o porquê dessa distância. Eu entendo essa distância e essa aparente impossibilidade de ficarmos juntos como um castigo. E, tal qual personagem de Kafka, aceito o castigo.
O erro possivelmente resida aí.
Se aparentemente duas pessoas se amam (uma ama mais que a outra, lógico), manifestam esse amor através do carinho declarado de ambos, por que não ficam juntas?

Mas estariam elas realmente separadas???


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