13 março 2006

Os outros amores

Existe uma coisa chamada fascínio, que anda junto com o amor. É que o coração é um bicho de sete cabeças, quatorze olhos e uma boca só.
Existe outra coisa chamada desejo, mas esse não anda junto com o amor.

Não há onde a angústia se manifeste tanto como 'modo de ser da liberdade' que no tocante aos sentimentos. Escolher entre: pessoas que te amam, pessoas que te protegem, pessoas que você quer proteger, pessoas que te fascinam, pessoas que te excitam etc, é de uma angústia tremenda. Não há como estabelecer uma lógica.
Muito provavelmente você consegue tirar dessa lista uma pessoa em especial, mas pode ter certeza: ela não quer ficar com você. Aí vem a angústia: e agora, insistir nessa fixação ou correr para os outros amores?
Existem pessoas que quereria sempre ao meu lado. A isso se pode também chamar amor, mas um amor diferente. Ela é agradável, me faz bem, é mais descolada etc e tal. Tem um uma certa independência de mim que em certos momentos é desagradável, confesso. A gente faz questão de se perder, isso é uma espécie de jogo. Nos achamos quando ambos viramos as costas para esse amor indelével de praxe.
Há um amor retroativo e saudosista que só faz se perder pelo tempo e na histeria de uns caprichos. Amor retroativo é uma ótima definição.
Há um fascínio discreto que eu acho que só existe em mim. É minha paixão discreta e adorável. Totalmente silenciosa, diga-se de passagem. É interessante...

Aí os moralistas de plantão vêm de críticas engatilhadas: "porra! você tava aí se estrebuchando todo por um amor 'indelével', 'impossível', bibibi, e agora vem com essa historinha de amor assim, amor assado'.
Calma, calma... aos hipócritas de plantão eu diria somente: atirem a primeira pedra.

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