09 outubro 2006

A Poesia e Eu

Inegável o papel da Poesia na minha vida. Vivo a poesia (no cinema, nos romances, nas músicas) de forma muito intensa, e não raro levo tão a sério um livro, que é como se ele fosse parte da minha vida. E quando criticado, me pergunto: por que não seria?
De acordo com Locke, o ser humano ao nascer é uma "tabula rasa" (algo como 'quadro em branco'); vai adquirindo conhecimento pelos sentidos, pela experiência. Fazer da Literatura ou do Cinema um pouco da própria vida, preencher, rabiscar essa “tabula rasa” com traços de poesia é tão válido quanto uma experiência dita "vivida". Eu consigo realmente VIVER um pouco pela poesia dum Fernando Pessoa, um romance do Kundera, Fausto Wolff ou Saramago.
Estabelecer hierarquia entre a vida ‘real’ e a da Arte pra mim é difícil sim. Uma conversa de boteco com um amigo que conheço há anos é tão válida quanto algo que li num livro, que vi num filme.
Não sei explicar a origem disso. Não sei a partir de quando passou a fazer sentido, a ser importante. O valor que a religião tem na vida de algumas pessoas é idêntico ao da poesia para mim (Diga-se de passagem que poesia não é somente versos, rimem ou não. Poesia é o que vemos num filme como Os Sonhadores, que lemos num romance como “A Insustentável Leveza do Ser”, que sentimos num devaneio filosófico dum Nietzsche, que ouvimos na músicas do Chico Buarque).

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