19 outubro 2006

Eu e Vinicius de Moraes

"Se a felicidade existe, eu só sou feliz enquanto me queimo e quando a pessoa se queima não é feliz. A própria felicidade é dolorosa."
Vinicius de Moraes


Eu tenho certeza de que o que eu sinto pelo Vinicius de Moraes é uma forma de amor inexplicável. Uma admiração profunda, respeito, uma certa inveja até, com uma pitada de dó - não deve ser fácil ser poeta assim.
Não lembro quando eu 'conheci' Vinicius. Não lembro quais foram os primeiros versos que li, as primeiras músicas que ouvi... sei que quando estava no primeiro ano do Ensino Médio, uma amiga emprestou uma biografia enorme dele, da qual li alguns trechos pulando muita coisa, mas fui me envolvendo por aquela paixão toda... sei lá. Já havia lido diversos poemas dele, e era bem capaz de já nessa época eu ter decorado o Soneto de Fidelidade. Mas foi com o tempo que eu realmente passei a amá-lo.
Há pouco tempo comprei um DVD com uma espécie única de documentário com requintes de tudo que envolve a sétima arte. Músicas cantadas por diversos intérpretes, depoimentos, imagens dele já bem velho, bêbado... tanta coisa linda!
É preciso confessar, também, que muito de todo fascínio e amor envolve uma certa incompreensão - eu não consigo imaginar como um poeta assim se casa nove vezes. Escrever coisas tão lindas para pessoas diferentes, sentir sempre esse amor, esse 'precipício da paixão', como dizem no DVD.
Toda vez que eu bebia whisky, pensava em Vinicius. Fui num "Tributo a Vinicius de Moraes" no meu bar preferido dentre todos de Sampa (o Bar do Tinóia), e bebi tanto que mal lembro como cheguei em casa. Quando voltei lá alguns dias depois, a garçonete, já amiga de outros porres, me chamava de chorão, porque eu bebia, cantava e chorava, apaixonado, deslumbrado, com saudades dele. Não teve um gole de whisky em minha vida toda em que eu não lembrasse de Vinicius ou citava: "o whisky é o melhor amigo do homem". Eu não bebia com meus amigos ou mesmo sozinho. No fundo, eu bebia com o Vinicius.
São vários os poetas que são importantíssimos na minha vida. Eu li muito mais o Fernando Pessoa do que o Vinicius, sem sombra de dúvidas. Mas talvez pela proximidade cronológica, talvez pelas músicas, pela voz, pelas imagens...
Eu e a Sheila nem marcamos casamento, mal sabemos o que vamos fazer nesse fim de semana - sabemos somente que nos amamos e vamos ser felizes juntos. Mas se tivermos um filho, ele se chamará Vinicius. Isso já está definido (já com o consentimento dela, óbvio, hehehe).

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