11 maio 2006

Esboço de um Manifesto Contra o Ódio de Classe

Estou farto da histeria de direita que assombra a mídia e a classe média e alta brasileiras.
É inegável que as acusações contra Lula não passam de ódio de classe. Nunca um presidente foi tão atacado como o Lula. Não quero, dizendo isso, fazer um "elogio geral da administração petista", mas faço, sim, uma apologia.
A estrutura "denunciada" por Roberto Jefferson como sendo mensalão é uma falácia. Há, sim, um projeto de poder petista baseado em dinheiro ilegal, fruto de roubo. Mas pensemos: Roberto Jefferson acusou o governo de pagar "mesada" para deputados aliados para que eles votassem a favor do governo. Essa mesada era distribuída mensalmente, daí o nome de "mensalão". Agora pergunto: por que diabos o governo teria que pagar para deputados do PT votarem a favor do governo. Sim, alguns dos cassados são do governo, e houve um rebuliço geral quando Roberto Brandt (PFL), foi absolvido; quando que o PFL votou junto com governo? Faria sentido a estrutura do mensalão caso os deputados envolvidos fossem PMDB, PPS e outros.
Há corrupção. Sempre houve. Mas dizer que esse é o maior escândalo de corrupção do país, que por muito menos derrubaram o Collor... Fala sério!

Ouvi um dia desses de um professor: "As faculdades estão mandando doutores embora por culpa do Lula... o Lula, aquele imbecil que nunca estudou, tá nem aí para os doutores...". Não é bem assim.
A regra com relação ao número de doutores em faculdades é de 1996. Nela consta que 30% dos professores de uma faculdade têm que ser mestres OU doutores. O problema reside nesse ou. Quando a coisa aperta (o que aconteceu na PUC-SP, por exemplo), eles mandam os doutores embora, pois estes recebem mais que os mestres.
No entanto, desde que Tarso Genro era ministro da educação, rola por aí um projeto de lei que define o número de doutores numa faculdade, dentre outras medidas extremamente benéficas para o ensino brasileiro. Quem está barrando? PSDB e PFL.

Enfim... isso é o esboço de um manifesto. Cansei de ouvir chamarem o Lula de imbecil, idiota, e inventarem coisas absurdas o acusando. Fosse Fernando Henrique vítima desses absurdos, haveria comoção mundial, pois o príncipe dos sociólogos segue incólume depois do escândalo das privatizações, sobretudo a da Telebrás, onde há envolvimento direto do presidente na negociação, comprovado por fitas entregues à Folha de São Paulo.

Digo logo que meu voto possivelmente não será do Lula, e que não aprovo o projeto de poder petista. Votei no Lula, me empolguei bastante, mas hoje me vejo frustrado. Mas recuso a possibilidade de me juntar aos histéricos de plantão. De acordo com os histéricos, tudo o que se diz de ruim sobre o Lula e sobre o governo é fato, inclusive (meu deus, como isso é hilário!) a colaboração cubana na época das eleições. Tudo o mais é boato. Millôr Fernandes, muito antes de escrever na Veja, disse: “Opinião pública é a que se publica”.
As pesquisas mostram o contrário. Não que a hipótese de um novo governo Lula seja a melhor solução. Tenho medo das entranhas do PT. Mas mostra, ao menos, uma certa coerência do povo em não odiar o presidente por suas origens. O povo.

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