05 maio 2006

Tempo da Delicadeza


“(...) E parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”
Trecho de O Primo Basílio, escrito por Eça de Queiroz


Tenho uma tendência ao drama. Uma atração poética, creio. Na ausência de uma tristeza de origem amorosa, me sinto aflito. Acho isso engraçado.
Aliás, isso é típico: agora tudo soa engraçado aos meus ouvidos.
A idéia de ausência persiste, mas é diferente. Antes, era uma Ausência pura, que independia da idéia de presença. Agora não. É uma ausência como negação da presença. Tá, tá... é difícil entender. Mas eu sei o que é.
Perdem-se as idéias abstratas de excesso, desvario, boemia, malandragem. O que antes eram 'idéias abstratas' são substituídas por abstração pura. Reina a abstração, e isso é bom.
(Apesar que ainda persiste uma vontade muito grande de algo parecido com comemoração. Resquícios de alguma coisa supostamente passada.)
Não que as coisas passem a ter sentido, mas a gente passa a ter sentido como sendo direção. As dúvidas permanecem, as revoltas, algumas angústias. Mas há uma direção. Um "oriente que me reja", como diz Leminski.

Enfim... o título desse texto é de uma música do Chico Buarque. Era uma boa idéia. A epígrafe também foi escolhida com carinho. Mas o texto não sai! Fiquei muito tempo pra escrever essas poucas palavras. Minha cabeça está em outro lugar.

:-)

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