14 junho 2006

Exagerado?

Acho que só consigo andar por estar apaixonado pela rua, por meus sapatos, pelo lugar onde quero chegar etc. Já que a vida exige paixão para ser vivida.
E quando tudo parece chato e as coisas ao redor são indiferentes, me apaixono por minha melancolia e meus dramas. Faço festinhas em mim mesmo.
Nesse meio, há paixões e amores indeléveis; minha mãe, por exemplo. Nunca deixei de gostar da minha mãe. Sou eterna e perdidamente fã de minha mãe. E pensei há pouco: "um dia eu vou dizer pra muita gente: por minha mãe, que me deu a vida e ensinou a viver; por minha esposa, com quem eu vivo e que me faz feliz".
Hoje eu não tenho uma esposa, mas há uma pessoa com quem eu vivo momentos dispersos e que me faz muito feliz: a Sheila, que antes de namorarmos já era meu amor indelével. E se é preciso certo comedimento ao falar de amores e paixões, que se dane: eu amo muito e sei que vou amar.
Pense bem: quando uma coisa dói, a gente não pensa "daqui a pouco passa"; muito pelo contrário, achamos que vai doer o resto da vida. Quem já teve dor de ouvido ou de dente sabe. A vida pára para aquilo doer eternamente, não há nada além da dor, não queremos comer, trabalhar, assistir TV... nada.
Aí quando a gente se apaixona por alguém, pensa logo: "vai passar" ou "nada é pra sempre".
NÃO!!!
Tem que ser pra sempre, caso contrário não tem graça. Eu quero tudo em doses cavalares. Overdoses. Taquicardias.
Porque se um dia acabar, não vai ser por falta de amor nem paixão.

Em visita a Cuba, Sartre perguntou pra Fidel Castro o que ele faria se o povo lhe pedisse a lua.
- Eu daria a lua para eles – respondeu Fidel.
Tendo em vista as coisas que Fidel fez com parte do povo cubano, não sei dizer se ele era apaixonado. Talvez fosse. Mas se alguém que eu amo me pedisse a lua, eu daria um jeito.

Em resumo, sou exagerado.

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