11 setembro 2006

O Show do Chico Buarque

No fundo eu já sabia. Já saí de casa com a palavra na cabeça: deslumbrante. É esse o resumo do show do Chico Buarque.
Sentei na quarta fileira de mesas, bem perto do palco. Minutos antes a ansiedade era tanta que eu dava beliscões na minha namorada. Não me continha. Seguindo a velha máxima "o que é um peido pra quem tá cagado?", pedi uma garrafa de vinho italiano.
E o show não começava e as pessoas chegavam e outras pessoas andavam pra lá e pra cá no palco, sobem os músicos, apagam-se as luzes e eu ficando louco.
"Voltei a cantar..." é o primeiro verso da primeira música. Chico está no palco.
Essa eu não sabia cantar, mas as seguintes, quase todas. As músicas se conversavam, havia uma lógica ali... Creio ser impossível versos como "Ela faz cinema / Ela é a tal / Sei que ela pode ser mil / Mas não existe outra igual" não serem para a Marieta Severo. E tendo em vista a recente separação, os versos de Eu te Amo, "Ah, se já perdemos a noção da hora / Se juntos já jogamos tudo fora / Me conta agora como hei de partir" também o são. "Vou Voltar", ele canta em Palavra de Mulher e fecha com "Meu coração parece que perde um pedaço, mas não / Me leve a sério / Passou este verão / Outros passarão / Eu passo".
Fantástico. Tantas músicas! Tantas palavras! Tantas emoções! (Quase duas horas de show)
Já no bis, cantei "Quem te Viu, Quem te vê" de pé, caminhando de mãos dadas com minha namorada ainda mais pra frente do palco. A última, João e Maria, arrancou mais algumas lágrimas minhas e, por incrível que pareça, do próprio Chico, que passou dando a mão para os que estavam na beira do palco, com os olhos marejados. Todos estávamos.
Demais... demais....
As mulheres gritavam: “Lindooooooo...” ou “Chico, eu te amoooooooo” e eu me segurando pra não pegar mal; mas aqui, protegido pelo blog, confesso: eu amo Chico Buarque.
Desafinado? Ah... "mesmo mentindo devo argumentar: isso é bossa-nova, isso é muito natural". Um poeta fantástico, um sorriso cativante, um músico maravilhoso, e suponho uma pessoa igualmente maravilhosa.
Uma noite particularmente especial pelo Chico Buarque, pelas músicas, por tudo. E pela companhia, que não podia ser mais perfeita - ainda que de tanto eu falar: "fim de semana do Chico... viva o Chico..." não bastou o Buarque. O dela veio junto. E eu lembrava de outros versos do Buarque: "vamos viver agonizando uma paixão vadia, maravilhosa e transbordante feito uma hemorragia".
Mas há um limite entre vida e poesia.
Né?

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