04 julho 2008

O Café

Estou sentado numa poltrona bastante confortável, ao som de músicas amenas, em inglês. No sofá à frente um casal alterna beijinhos e risadinhas lascivas, pressupondo o que fizeram ou estão por fazer. Na poltrona ao lado, separada de mim por uma mesinha redonda, está uma menina com traços orientais, All Star branco no pé, ouvindo sabe-se lá o que no seu Ipod Nano; por ser bem pequena, ela consegue dormir encostando a cabeça no braço da poltrona. Outra mesinha e uma poltrona vazia (que me faz lembrar Van Gogh) a separa de um rapaz deitado de lado na poltrona, pernas para fora, fazendo algo parecendo um N com seu corpo (ângulo de cima, o joelho; de baixo, o quadril). Na mesinha dele está um celular top de linha ligado na tomada, e uma apostila do Objetivo. É quarta-feira, 10 da manhã, e estamos na Starbucks.

Eu vim aqui pra usar a internet sem fio, o que não deu certo. Pedi um café puro pequeno e um pão de queijo. Pouca não foi minha surpresa quando entregaram um copo de 300 ml cheeeeeeio de café – o que até para mim, cafeinômano assumido, é um exagero (smack, smack, smack... fez a boca do rapazinho à frente no rosto da menina, que ri). Essa é a segunda ou terceira vez que venho numa Starbucks. A primeira vez eu vim com a Sheila pouco tempo depois de assistirmos O Diabo Veste Prada (o copo de café da Starbucks é coadjuvante no filme); pedi uma bebida com café, chocolate e sei lá mais o que, pensando que era uma bebida quente e era gelada; mas não era ruim, e ficamos esparramados num sofá desses, também trocando beijinhos e risadinhas lascivas. A She, que tem uma bolsa fake da Prada, passou a freqüentar com suas amigas e amigos, mas eu nunca mais havia voltado. (O carinha que estava dormindo acordou, e está lendo a apostila do Objetivo de marca textos na mão).

Eu poderia fazer dezenas de reflexões acerca desses jovens desocupados, dos exageros americanos, dos carros passando lá fora... Mas resolvi escrever só para acompanhar o café, que já esfriou.

1 comentário:

Fernanda Bello disse...

Sensacional... gosto do Starbucks só por esses momentos reflexivos. E pelos cafés, claro.
Bjo!